Cotidiano

- É que eu peguei o ônibus errado e ele deu a volta ao mundo
- Que mundo?
- Esse mundo de gente que sai, chega, foge, brinca, pula e deita. Puxa, segura, cai e solicita. Ela chora, o outro espirra, a outra reclama, a tia assua, o moleque ouve, música, som, buzinas, celular, bip, bip, bííii...
- Nossa! Quanta coisa acontecendo...
- Porque ainda não viu o mau humor. Persegue e sustenta. Sustenta os que buscam a sustentabilidade e usam a palavra da moda sem saber a razão. É que essa gente anda de coletivos para mostrar que é natureba, desculpa ilusória pela falta de renda pro automotivo. Desculpa ilusória, pra gordinha entregar panfleto de político em plena condução. Neguinho sem mão pra carregar a bolsa e ainda tem que ser simpático. Dá uma vontade de emburrar-se. E acontece.
- E isso é vida real?
- O mais belo big brother do saber. Só sabe quem vive. Só vive quem sabe. Só entende quem ta lá. Confinado uma hora pra chegar na casa. No lar que construiu com muito trabalho. E veja só, nem metade do tempo de vida é passado ali, quase todo fora e o de dentro só pra praticar horizontalidade.
- Você diz pouca qualidade de vida?
- Afirmo. Por isso que li esses dias nesses periódicos que mais se repetem e ensinam o mesmo da mesmice nas faculdades que somos todos os gordinhos do futuro. O chimarrão e a erva diurética nada auxiliam no processo de desengorduramento. Vai todo mundo pro abate.
- Quero comer desse churrasco quando chegar no restaurante.
- Te levo.