16 de março de 2009

Pirataria como acesso à cultura

Terminou na última terça-feira o julgamento do site The Pirate Bay, acusado de promover a violação dos direitos de autor pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica. O site, que existe desde 2004, é a maior fonte de arquivos torrents do mundo, pois possibilita ao usuário compartilhar e fazer downloads de filmes, músicas e afins. A sentença final está prevista para 17 de abril.

A pirataria existe desde os tempos das fitas-cassete, onde amigos trocavam entre si músicas dos seus compositores preferidos. Entretanto, com as tecnologias e a disseminação da internet, esta ganhou uma conotação diferente. A permuta de arquivos, especialmente os de músicas e filmes, tornou-se crime público, embora pouco punido no Brasil. A indústria fonográfica é a mais atingida, pois perde parte do seu rendimento financeiro proveniente das vendas de discos.

O caso do The Pirate Bay retrata a guerra declarada entre as grandes gravadoras e os usuários do mundo todo. A internet diferencia-se das outras mídias, pois possui a capacidade de completa interação. A noção de receptor e emissor se perde, substituída pela possibilidade de criação e troca de informações. Uma simples pesquisa sobre um determinado assunto acaba por desencadear milhares de opções de leituras e variados links, que por si, levam a outros temas, e a um maior entendimento e reflexão. O site The Pirate Bay, portanto, é apenas uma ferramenta de pesquisa, como um mapa virtual.

Para o Brasil, país de poucos privilegiados, o computador torna-se fonte riquíssima de informação, já que preços de livros e música estão cada vez mais caros. Da mesma forma que constrói e amplia o conhecimento intelectual, a internet acaba aguçando a criatividade. Paródias de vídeos originais de artistas são refeitas por fãs e divulgados em sites de compartilhamento, como o youtube. Os limites hierárquicos entre autor e consumidor acabam se extinguindo, sendo a única diferença o nível de envolvimento com a criação.

A mídia está se tornando cada vez mais democrática. Novas estratégias para atrair a atenção do consumidor estão sendo testadas. É o caso da banda Radiohead, que disponibiliza seu último álbum para download na internet, cabendo ao fã a decisão do preço do produto. Da mesma forma, o espaço virtual serve como palco para novos talentos. Mallu Magalhães, descobriu a fama após compartilhar suas músicas no site de relacionamentos myspace e vê-las sendo baixadas por pessoas de todos os cantos do país.

Espera-se que a Indústria Fonográfica enxergue a verdadeira essência do “www”, e possa encaminhar novas idéias para que a cultura chegue a todos. Em um mundo virtual sem fronteiras é praticamente impossível impor leis de acesso às informações. A oportunidade de aguçar a criatividade e inteligência encontra-se neste lugar onde as janelas nunca se fecham. O acesso ao conhecimento é universal, e a internet sua maior expressão.

Um comentário:

Anônimo disse...

que orgulho dessa menina!